sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Casa das Artes de Miranda do Corvo


Avé Casa das Artes Avé!

Abriu-se hoje em Miranda do Corvo uma nova porta de potencialidades culturais, nomeadamente artísticas, através da inauguração daquele equipamento tããããão falado: a Casa das Artes de Miranda do Corvo!

Casa das Artes e não Casa da Cultura atenção, apesar das Artes serem parte de uma fatia (muito deliciosa) da Cultura. (Clicar em "Ler Mais")

Há muitos anos que aspirava por um equipamento destes em Miranda. E finalmente ele chegou! Toda a minha vida vivi em cidades e só cá cheguei à 6 anos. Vai daí, desde então que sinto a falta de uma cultura "maior", mais diversificada, mais global...

Gosto muito da minha vilazinha, quem não gosta? (Pergunta retórica oh estrangeiro de fora!) Mas são demasiados anos a levar com opções de entretenimento baseadas em Festinhas da Aldeia com Grupos de Baile, Filarmónicas e mais Filarmónicas e Grupos de Fados de Coimbra. Não que não goste... Mas penso que já há muito que precisamos de uma oferta maior e mais diversificada de cultura! Também somos gente caraças! E ir matar esta sede frequentemente a Coimbra fica carote.

Deste modo fiquei bastante feliz com a realização desta "Casa" e começo a ficar imensamente sorridente com os programas que começam a surgir. Amanhã já teremos Maria João!

À parte das maravilhosas condições que agora foram criadas para trazer cá e desfrutar de artistas e grupos de artistas o mais diversificados possíveis, vejo nesta casa uma porta para os mirandenses poderem explorar e desenvolver as suas capacidades artísticas! Grupos de teatro, grupos de dança, projectos diferentes e originais (originalidade é que é preciso), exposições mais sérias, enfim... Esta casa poderá ser o berço de muita nova matéria-prima da casa. Podemos começar a reduzir as nossas necessidades culturais externas através da oferta interna.

Não vou nem quero fazer aqui a abordagem política nem financeira deste equipamento, pois aí temos pano para mangas como se tem "ouvisto" por todo o falatório e polémica gerado em torno do mesmo. Neste momento ele está finalizado, agora é tirar o melhor partido dele. Seja viável ou não. Isto não é como os casamentos... Não há divórcios...

Arquitectura

Esta também deu muito que falar! O que já seria de esperar quando se decidiu optar por um projecto arrojado desta magnitude.

Como amante de arquitectura fiquei bastante agradado com o design do mesmo. Parabéns ao seu arquitecto que, se não me engano, se chama Miguel Correia. Como aspirante a engenheiro acredito que a execução deste equipamento, uma vez que sais dos termos clássicos da construção portuguesa, tenha trazido muitas dores de cabeça aos engenheiros e técnicos envolvidos e sobretudo ao pobre do director de obra, mas... Ainda bem que assim foi! É de facto um edifício marcante a todos os níveis, com uma cor vibrante (que espero que, mas não acredito, que dure muito) e um contraste com a relva e céu magnifico. Assim, e como foi hoje mencionado na inauguração e eu sublinho, é potencial candidato a algum prémio de arquitectura num futuro próximo (e Miranda anseia que sim...).

No entanto, acredito e também tenho ouvido muito que, devido às suas características arquitectónicas, este devesse ter sido implantado afastado dos restantes edifícios, mais concretamente num local totalmente rodeado de verde... Enquadra-se muito bem com esse verde envolvente tão bonito, no entanto junto de edificações mais antigas torna-se demasiado notória a discrepância arquitectónica e de cores entre eles. Mas este foi o terreno disponibilizado e já está concluído, portanto...

Como também já várias pessoas me disseram que esta Casa faz lembrar a Casa das Histórias - Paula Rego, situada em Cascais, desenhada por Eduardo Souto Moura. Não conhecia e fui googolar! De facto tem tendências e um cor também ela quente. No entanto a nossa é de longe bem mais bonita eheheh! E apesar de alguns traços familiares as duas são bastante díspares no que toca à sua arquitectura (já se sabe como são as más línguas). Eis uma foto da dita cuja:

http://www.casadashistoriaspaularego.com/pt/


Relativamente à tão mediática cor da nossa Casinha das Artes, tenho ouvido imensas piadas e analogias sobre ela, o que é natural estando perante uma cor que sai bastante dos padrões comuns. No entanto primeiro estranha-se depois entranha-se.

Entre os mais diversos comentários acerca da cor não pude de deixar imensa graça à analogia a um Quartel de Bombeiros e a uma Casa do Benfica. Então depois de me mostrarem uma montagem rendi-me completamente. Eu nem sou do Benfica mas acho que com uma Casa assim até eram capazes de ganhar o campeonato este ano.

Brincadeiras à parte a cor da Casa das Artes foi escolhida de modo a ir de encontro a uma das cores presentes no brasão da vila, entre outros significados atribuídos à própria cor, dando simultaneamente um toque de modernismo à própria edificação.

Inauguração

Como tal não podia deixar de estar presente na inauguração deste novo ícone Mirandense! Para mim um equipamento imensamente desejado. Então, como a situação o exigia, vesti os meus melhores calções, fui buscar a t-shirt menos russa que tinha no guarda-fatos, as sapatilhas com menos buracos e lá fui eu todo janota. Cheguei lá e à porta já estava um aglomerado enorme de pessoas. Hoje foi um bom dia para as cabeleireiras, esteticistas e prontos-a-vestir. As meninas todas lindas! Os meninos todos aprumados! Muito bem! Gostei... Mas não me converti. Muito aperto de mão, muito beijinho até que chegou o arrastão do Secretário de Estado da Cultura. Mantive-me onde estava e lá começaram uns senhores a discursar cá fora... Ninguém os ouvia, só os mais próximos, mas quando chegou a hora de bater palmas toda a gente cumpriu o seu papel e até acho que enganámos os da frente que não se aperceberam. Pah... Penso que o Sr. Padre falou... Algo que só notei porque ouvi as pessoas que estavam perto da placa da inauguração naquele murmúrio religioso. Lá continuámos na socialização, lá ia ouvindo uns comentários positivos acerca da arquitectura do edifício (até achei estranho ser tudo positivo...) e de todo o espaço envolvente e chegou então a hora do croquette! Chegou a hora é como quem diz... Já sabem como é a pontualidade dos portugueses, ou como disse lá um sr. amigo meu inglês "the elastic punctuality" dos portugueses.

Entrámos e uouuuuuuuu... Epá ainda somos uma vila (sim ainda...) e uma arquitectura de interiores daquelas deixa-nos de boca aberta. Se fosse em Lisboa nem ligávamos está claro... Só elogios, mais elogios, mais umas taças de champanhe e uns petiscos (que eu nem cheirei...), uma exposição de obras acerca das quais ainda tenho muito que reflectir e voilá, finalmente hora da "mujica"! Yupi! 

Depois da Sra. Presidente e penso que depois do Secretário de Estado lá seguimos todos em procissão até ao auditório! E uouuuuuu (outra vez)! Ficou tudo colado a deslumbrar aquela "pequenita" sala cheia de cadeira almofadas e paredes pretas... Até tinham à frente umas cadeiras que descem para um andar em baixo... Top! Mesmo! Lá se começam todos a afinfar aos lugares espalhados pelo auditório, até que alguém se lembra e vai ao microfone avisar que ainda havia uma visita ao resto do edifício. Sim, Sim... Poucos foram os que se levantaram e seguiram. Ai não! Ainda por cima as cadeiras eram confortáveis e nós éramos muitos! Quando eles voltaram já não tinham onde se sentar. Ups... Lá se acomodaram todos, uns sentados, outros de pé e lá se deu início àquela parte por que todos ansiosamente esperavam... Os velhotes até saltavam! Rufo dos tambores......... Os Discursos, obviamente! Já à muito que não ia a uma inauguração e achei um piadão ao tempo que todos os oradores despendem a agradecer todos às mesmas pessoas/entidades. Da próxima o primeiro que os enumere e os restantes que subscrevam: E Siga para Bingo!

Deixemos os discursos e passemos para o Bingo. Depois de toda a maratona inaugural lá chegaram os concertos. Tão "fófinhos"! Um bom assento + um bom espectáculo = Ahhhhhh! Valeu a pena esperar. Gostei imenso dos dois que vi! Ranchos não é de todo o meu forte... Uma bela acústica, uma bela iluminação... Nas laterais um pormenor arquitectónico muito interessante: umas paredes que escondem as pessoas quando sobem ao palco. Nessas paredes, ainda no primeiro concerto, via-se a silhueta causada por contra-luz da cantora... Pormenor muito engraçado. Enfim...

Esta primeira impressão da Casa das Artes foi muito positiva. Estou doidinho por saber os próximos programas e curioso por saber os preços dos bilhetes para espectáculos futuros.

As pessoas em Miranda não têm o poder económico de Coimbra de um modo geral. E tenho medo que ainda haja o preconceito de que um mesmo espectáculo numa cidade seja "muito melhor" de ir ver, do que cá na terrinha. Confesso que tenho reservas quando à adesão da população mirandense a este equipamento, pelo menos inicialmente. A médio/longo prazo acredito que passe a fazer parte do dia a dia de Miranda. Vamos lá ver... Só espero é que tudo corra pelo melhor! Que as pessoas adiram, que participem, que aproveitem bem aquilo que agora temos... 

Quanto às discussões políticas... A minha opinião reservo para os meus. Sou apartidário e assim tenciono continuar. Mas para as quem quiser ter, há um grupo no Face sobre Miranda muita giro para essas coisas... Quem está de fora regala-se a ler aquilo. E os que se arriscam a entrar naquelas batalhas coitados... Saem de lá amassados por todos os lados, seja de que frente forem. Daí eu achar que discussões daquelas de construtivo trazem pouco. E não são de todo o local apropriado para as ter nem têm as condições para tal. Mas sempre dão umas boas conversas de café e dão para mandar umas risadas valentes.

Agora aproveitem e Cultivem-se Artisticamente! Bons Espectáculos!


2 comentários:

  1. Muitos parabéns pelo texto. Muito Divertido!!!

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    1. Obrigado André! Esta Casa cá em Miranda tem dado muito que falar :) Aparece para a visitar quando puderes e traz amigos! Abraço!

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Manda vir para aqui! Insulta este post à vontade! Ai mandas vir com os políticos e com os árbitros na TV e não agora estás-te a fazer de fino(a)?! Coragem!