quarta-feira, 14 de agosto de 2013

“Até quarta-feira”


Hoje fiz-me homem e fui à feira logo de manhãzinha na minha terra! E isto porquê? Não… Não tive uma iluminação e acordei às 8h da manhã, simplesmente não consegui adormecer e optei por fazer uma directazinha! E ainda aproveitei a deixa e fui para a varanda enrolado a uma manta ver o nascer do Sol, hummm que bom!

Foi bom voltar a visitar a feira da terrinha! Pois já lá ia algum tempo desde que eu não punha lá os pés, vá-se lá saber porquê…

Como não há nada melhor que começar o dia a inalar aquele cheirinho a capoeira, eu mais a minha prima invadimos a feira pela entrada dos pitos e coelhos! Nitidamente aquelas gaiolas não cumprem as indicações do RGEU (Regulamento Geral de Edificações Urbanos)! Mas à parte disso, é sempre “giro” ver aquela exposição de aves e coelhos encaixotados e engaiolados com um ar muito ingénuo sem perceber bem o que para ali se passa, sendo transferidos que nem tijolos dum lado para o outro. Giro, giro foi ver a minha prima logo depois do pequeno-almoço levar com aquele cheirinho e ficar logo atordoada. Um bom negócio para aquela zona seria uma tenda de perfumes lá pelo meio, dinheiro em caixa!

Passada a zona hardcore da feira, envolvemo-nos então no cerne da mesma. Que nostalgia! Já tinha saudades das velhinhas na cusquice, a actualizarem-se umas às outras sobre as notícias da sua zona, e os velhotes atrás delas à espera. Os que cumprem o seu dever matrimonial, porque os mais espertos fogem delas e reúnem-se em grupo de apoio. Uma coisa que reparei hoje especialmente foi nos cheiros, além do tradicional cheirinho a cavalo muito comum por essas bandas, senti hoje aquele cheiro característico das tendas de pronto a vestir que me fez lembrar o cheiro das minhas avós. Avó que é avó compra a roupinha de Domingo na feira pois tá claro! Não tendo faltado as típicas mulherzinhas, da mais pequenina à mais idosa, a revirar a roupa toda que nem as galinhas a picar o milho. Só se vêem roupas a saltar dum lado para o outro.

Mal cheguei comecei logo a encontrar amigos que já não via a algum tempo! Como se sabe muito mais que a parte comercial, a feira funciona sobretudo pelo seu caracter social. As pessoas querem é ir lá para saber as últimas notícias off the record que não vêm no jornal e socializar. Para muitas delas, sobretudo para os mais idosos, na feira conseguem aliviar um pouco daquela solidão que sentem durante o resto da semana.
Basicamente corri a feira com aquele sorriso parvo no rosto. A observar tudo e todos, mesmo à mirone! Tão bom! E aqueles feirantes continuam um máximo! Época de Saldos pelos vistos… Todos com aquele timbre de voz à Eddie Vedder. E hoje nem ouvi nenhum megafone, as pilhas devem andar caras. Uma coisa que nunca consigo deixar de reparar (não dá para evitar) é na variedade de cueca feminina que eles para lá têm. Tanta cueca com tão pouco tecido! Anos e anos de optimização! Isto é claramente concorrência directa a lojas como a Intimissimi! O corte! Os padrões! As cores! Uau! Ah e é verdade, também não vi o homem dos plásticos… Ohhh… Gosto imenso daquela panóplia de cores, forma e feitios. E o homem que vende chás hoje para um homenzinho: “ Ah e tal… beu beu beu… este dá tes**”. Até nas feiras já existem destes apoios para a natalidade! De bradar aos céus!

Depois de andarmos pela parte de fora entrámos no mercado, a minha parte favorita! Além da parte de não levar com o sol nas ventas, adoro ir para lá cuscar os legumes e as frutas (peixe e carne não acho tanto piada). E as mulherzinhas todas muito simpáticas a tentarem-nos vender tudo e mais alguma coisa! Quando viam que eu estava a olhar mais seriamente para algo faziam logo a abordagem directa ao cliente, eu, e uma até negociou o preço antes sequer de eu ter tempo de dizer a típica frase: “Eu estava só a ver”. Há umas muito porreiras, que até enfiam as coisas nos sacos sem sequer tu pedires… Mas essas já são tesourinho raro. Hoje até vi uma que dizia que o seu feijão-verde era tão tenrinho, tão tenrinho que nem precisavam de faca para o descascar! Pôs-se então a cortar o feijão-verde aos bocadinhos com a unha (enorme e pintada de azul) do polegar! Os hipermercados ainda têm muito que aprender a nível de publicidade com estas meninas!

Bem… Uma Odisseia do carcaças! É por isso que só lá vou de vez em quando, assim não perde a magia. Arrependi-me de não levar a máquina mas tenho que voltar lá para fazer uma reportagem fotográfica para a posteridade. Ora então como a feira é sempre no mesmo dia da semana e é onde as pessoas de todo o lado semanalmente se encontram, cá me despeço com a típica frase cá da terrinha:


 “Até quarta-feira!”

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